Saúde e Bem-Estar

O que é obesidade infantil? Veja as causas e como evitar

08/04/2024

Imagem do post O que é obesidade infantil? Veja as causas e como evitar


Segundo dados do Ministério da Saúde, a obesidade infantil afeta 3,1 milhões de crianças menores de 10 anos no Brasil.1 São números impressionantes e que indicam a importância de falar sobre hábitos saudáveis e alimentação balanceada desde cedo.

A grande questão é que a doença pode causar consequências preocupantes ao longo da vida. Afinal, pode não apenas afetar o desempenho escolar, mas aumentar o risco de várias condições, como hipertensão e diabetes.2

A verdade é que saber como prevenir essa doença pode ajudar a proteger a saúde do seu filho agora e no futuro.

Neste conteúdo, falaremos sobre as principais causas da obesidade infantil, riscos existentes e daremos dicas de como evitar. Quer saber mais? Então, continue a leitura!

O que é obesidade infantil?

É uma doença crônica complexa que pode ocorrer quando a criança está acima do peso saudável para sua idade e altura, ou seja, quando há excesso de tecido adiposo no organismo.2

O diagnóstico pode ser feito tanto por meio do IMC (Índice de Massa Corporal) quanto pela porcentagem de gordura corporal.3

Independentemente do cálculo utilizado, o número de crianças dentro dessas condições tem aumentado ao longo dos anos, tornando a doença um dos mais sérios desafios de saúde pública do século XXI.3 Não à toa, o quadro é considerado uma epidemia global.2

Ainda assim, é importante lembrar que nem todas as crianças que carregam quilos extras estão acima do peso. Algumas têm estruturas corporais maiores que a média, enquanto outras podem ter diferentes quantidades de gordura corporal em vários estágios de desenvolvimento.4

Portanto, você pode não saber pela aparência do seu filho se o peso é um problema de saúde. O ideal, é sempre consultar um médico antes de fazer qualquer mudança drástica nos hábitos alimentares ou implementar tratamentos para obesidade infantil.

O que causa a obesidade infantil no Brasil?

Essa condição surge de uma interação intrincada entre elementos genéticos e comportamentais, além de fatores sociais e econômicos. Entretanto, os principais contribuintes para o ganho de peso são os alimentos oferecidos.5 Veja mais a seguir.

Qualidade de alimentos oferecidos em supermercados

O Brasil passa há alguns anos por um processo de mudança no aspecto alimentar. Se antes algumas famílias tinham dificuldade de acessar alimentos prontos ou industrializados, hoje eles estão mais disponíveis e baratos.

Para você ter uma ideia, alguns dos produtos mais consumidos pelas crianças atualmente são os sucos de caixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e macarrão instantâneo.5

Além de uma dieta rica em gorduras, há uma maior deficiência de nutrientes, uma vez que ocorre a substituição de alimentos saudáveis por industrializados.4

Fatores sociais e econômicos

Comportamentos compartilhados pela família, como hábitos alimentares e falta de atividade física, podem contribuir para o aparecimento da doença. Afinal, o equilíbrio entre as calorias consumidas e as queimadas desempenha um papel no peso.6

Muito disso ocorre porque os alimentos ultraprocessados tornaram-se mais acessíveis para populações de baixa renda.

Ao mesmo tempo, muitas crianças passam menos tempo ao ar livre e mais tempo dentro de casa, sendo inativas. À medida que os videogames, tablets e smartphones continuam a ganhar popularidade, o número de horas de inatividade pode aumentar ainda mais.6

Além do problema do sedentarismo, o uso exagerado de telas durante o dia pode afetar a qualidade do sono que, de acordo com um estudo da Harvard, é um fator importante para incidência da doença.7

Fatores genéticos e metabólicos

A genética sempre foi um dos principais fatores examinados. Alguns estudos descobriram que o IMC é hereditário em 25% a 40%.3 Entretanto, essa questão precisa ser associada a fatores ambientais e comportamentais contribuintes para afetar o peso.

A verdade é que o fator genético responde por menos de 5% dos casos de obesidade infantil.3

Portanto, embora a genética possa desempenhar um papel no desenvolvimento, ela não é a causa do aumento dramático dessa condição.

O mesmo pode ser dito em relação ao metabolismo, que foi muito estudado como uma possível causa. A teoria principal era que indivíduos obesos tinham taxas metabólicas basais mais baixas.

No entanto, as diferenças encontradas não se mostraram responsáveis pelo aumento nas taxas de obesidade.3

Quais são os riscos e consequências da obesidade infantil?

Agora que você já conhece as principais causas, entenda as consequências para a saúde e qualidade de vida das crianças.

Riscos de doenças crônicas

As doenças crônicas são aquelas que apresentam início gradual, com duração longa ou incerta. Em geral, têm múltiplas causas, e o tratamento normalmente envolve mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo.8

Algumas das complicações físicas podem incluir doenças crônicas, como:4

  • diabetes tipo 2, uma condição que afeta a capacidade do corpo de regular os níveis de glicose no sangue;
  • doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, aterosclerose e outras condições relacionadas ao coração;
  • distúrbios metabólicos e hormonais, contribuindo para uma variedade de problemas, como síndrome metabólica, caracterizada por pressão arterial elevada, níveis elevados de açúcar no sangue e excesso de gordura abdominal.

Riscos de doenças agudas       

Já a doença aguda é caracterizada por seu início súbito de evolução rápida e curta duração.8 Alguns exemplos incluem:4

  • problemas respiratórios, como apneia do sono e asma;
  • infecções, pelo comprometimento do sistema imunológico;
  • complicações ortopédicas, por conta do excesso de peso e da pressão que pode ter nos ossos e nas articulações.

Complicações futuras e menor expectativa de vida

A possibilidade de ocorrência dessas doenças já representa um risco ao bem-estar, gerando uma menor expectativa de vida. Até porque crianças obesas têm maior probabilidade de se tornarem adultos obesos, perpetuando o ciclo em gerações futuras.6

Contudo, para além das implicações físicas, uma das principais complicações da obesidade infantil é o fator psicossocial.

A doença foi descrita como uma das condições "mais estigmatizantes e menos socialmente aceitáveis na infância".3 Afinal, crianças com excesso de peso são frequentemente zombadas e/ou intimidadas por essa questão.

Esses problemas sociais negativos contribuem para baixa autoestima, pouca autoconfiança e uma imagem corporal negativa, podendo inclusive afetar o desempenho acadêmico. Sem falar que pode levar a quadros de doenças psicológicas mais sérias, como depressão e ansiedade.3

Como evitar a obesidade infantil?

É necessário ter uma abordagem holística, incluindo hábitos alimentares saudáveis, atividade física regular e um ambiente familiar propício.

O mais importante que você pode fazer para ajudar seu filho é focar em sua saúde, não em seu peso. Faça com que a mudança de costumes seja para toda a família, já que o processo de englobar todos os integrantes da casa pode facilitar a aceitação das novas práticas.6

Além disso, evite usar alimentos como recompensa ou punição, para que não sejam feitas associações emocionais negativas com a comida. Confira outras dicas a seguir.

  • Promova uma alimentação saudável: ofereça uma variedade de alimentos nutritivos, como frutas, vegetais, proteínas magras e laticínios com baixo teor de gordura. Opte por fazer trocas inteligentes, como snacks saudáveis ou uso de adoçantes para fazer receitas com menos calorias.3
  • Estabeleça horários regulares para as refeições: mantenha uma rotina de refeições e lanches para evitar que as crianças comam em excesso devido à fome. Sempre que possível, coma à mesa junto com os filhos.4
  • Promova a atividade física: incentive a prática regular de exercícios adequados à idade. Aproveite para limitar o tempo de tela (TV, computador, videogames) e encoraje atividades ao ar livre.3,6
  • Mantenha um ambiente positivo em casa: deixe os alimentos saudáveis acessíveis e visíveis, enquanto limita o acesso a alimentos ultraprocessados e ricos em gorduras.4

Lembre-se de que, antes de tomar qualquer decisão sobre a dieta do seu filho, é fundamental procurar um especialista, tanto para o diagnóstico quanto para compartilhar o melhor tratamento para obesidade infantil.

O blog Zero-Cal possui inúmeros conteúdos que podem ajudar a ter uma alimentação equilibrada, entender os benefícios dos diferentes tipos de adoçantes ou descobrir receitas de bolos e sobremesas mais saudáveis.

1. Ministério da Saúde. Obesidade infantil afeta 3,1 milhões de crianças menores de 10 anos no Brasil [Internet]. 2022. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/junho/obesidade-infantil-afeta-3-1-milhoes-de-criancas-menores-de-10-anos-no-brasil. Acesso em novembro de 2023.


2. Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Obesidade infantil, a conscientização começa em casa [Internet]. Disponível em https://sp.unifesp.br/epm/noticias/obesidade-infantil-2021. Acesso em novembro de 2023.


3. Sahoo K, et al. Childhood obesity: causes and consequences. 2015. doi: 10.4103/2249-4863.154628. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4408699/. Acesso em novembro de 2023.


4. Mayo Clinic. Childhood obesity [Internet]. Disponível em https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/childhood-obesity/symptoms-causes/syc-20354827. Acesso em novembro de 2023.


5. Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Obesidade infantil: as razões por trás do aumento de peso entre as crianças brasileiras [Internet]. Disponível em https://abeso.org.br/obesidade-infantil-as-razoes-por-tras-do-aumento-de-peso-entre-as-criancas-brasileiras/. Acesso em novembro de 2023.


6. Cleveland Clinic. Childhood Obesity [Internet]. Disponível em https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/9467-obesity-in-children. Acesso em novembro de 2023.


7. Harvard Medical School. Teenage Sleep Hygiene [Internet]. Disponível em https://hms.harvard.edu/news/teenage-sleep-hygiene. Acesso em novembro de 2023.


8. Governo do Estado da Bahia. Rede de Atenção à Pessoa com Doença Crônica [Internet]. Disponível em https://www.saude.ba.gov.br/atencao-a-saude/comofuncionaosus/doencas-cronicas. Acesso em novembro de 2023.


Quer compartilhar este conteúdo?